Voltamos ao GDR Leças, onde sempre fomos recebidos fraternalmente, no cinquentenário da Revolução de Abril, recordando duas figuras distintas de associados e destacados antifascistas, um deles já falecido, João dos Reis, o outro com vetustos 92 anos, Palma Cadeireiro.
Tiveram em comum uma vida de luta na defesa dos interesses dos trabalhadores em geral e da CUF em particular, onde trabalharam muitos anos e foram perseguidos pela polícia política, obrigados a “mergulharem” na clandestinidade para não serem presos.
João dos Reis, após um período de detenção em Caxias sem culpa formada (seis meses!), não foi reintegrado na Companhia União Fabril, onde exercia o mester de carpinteiro, enfrentando uma vida de dificuldades sempre com grande ânimo e estoicismo, nunca virando a cara à luta antifascista e à colaboração no seu clube de sempre – o GDR Leças.
Palma Cadeireiro, um alentejano dotado fisicamente que trabalhou, como milhares de outros assalariados nas cargas com sacos de 100 quilos, foi campeão de Remo o que lhe permitiu mudar de mester e ser eleito pelos operários para a Comissão Interna da Empresa e aí travar várias batalhas pela melhoria das condições de trabalho e de remuneração.
Agraciados ambos com a medalha “Barreiro Reconhecido”, são dois exemplos de dignidade, integridade e consciência democrática e revolucionária que destacamos a propósito da apresentação do livro “Juventude Desinquieta o Despertar da Malta”, celebrando a luta generosa dos jovens das décadas de 60 e inícios de 70, em que decorrem também as histórias de vida de João dos Reis e Palma Cadeireiro.
Um motivo suplementar de interesse para os amigos do Leças e do Barreiro em geral, participarem nesta iniciativa, particularmente os mais jovens porque “O futuro é o amanhã que não esquece”.