Comemorar os 50 Anos do 25 de Abril.
Também fui Militar de Abril!… 25 de Abril da 1974.
Pelas contingências da vida, desde Abril de 1971 estava a cumprir o Serviço Militar Obrigatório e era Furriel Miliciano Enfermeiro a prestar serviço no BEng 447, em Brá, na Guiné.
Como num dia normal, levantei-me cerca das 7,30 horas… depois da higiene pessoal e da vestimenta a rigor, fui à messe de sargentos tomar o pequeno-almoço cumprimentando, como sempre, os militares que estavam de serviço… entrei e saí do Bar, e fiz o percurso junto às instalações dos oficiais até ao edifício de Comando, onde prestava serviço no Conselho Administrativo, última porta à esquerda do edifício que se vê na foto.
Estando completamente embrenhado no trabalho, reparei que o Alferes Campinho (que me coadjuvava nas minhas funções) estando de Oficial de Dia, entrou naquela grande sala cerca das 11 horas e 22 minutos e porque eu tinha levantado a cabeça para o olhar, colocou o dedo na sua boca como a pedir-me que não falasse. Dirigiu-se para mim e sentando-se na sua secretária que estava ao lado da minha, mostrou-me, à socapa, um papel que trazia dobrado. Vi que se tratava de uma mensagem que lhe tinham dado na sala de transmissões poucos momentos antes e que deveria ter levado directamente ao Comandante, como seria seu dever.
Segundo me lembro, dizia apenas: “Golpe de Estado na Metrópole, Prevenção Máxima de Imediato, Ultra Secreto”.
Trocámos apenas uns olhares de regozijo e enquanto ele foi para a sala de comando atravessando o Gabinete do Capitão Estudante, chefe do CA, eu arrumei, à pressa os documentos que tinha na minha secretária, agarrei na minha boina e voei para o Bar de Sargentos.
Quando ali cheguei, perguntei aos camaradas militares que ali prestavam serviço se tinham ouvido alguma coisa na rádio e como obtivesse uma resposta negativa, até porque tinham o rádio desligado, pedi-lhes que o ligassem e telefonei de imediato para a oficina de Motores Fixos, solicitando ao Galhós para que viesse de imediato ao Bar. Veio a correr acompanhado do Cruz, até porque sabiam que dias antes meu pai não tinha passado nada bem e pensaram no pior. Felizmente não era isso e ficaram admirados quando me viram com toda a alegria do mundo…
Ficaram extasiados quando lhes comuniquei o que se estava a passar… entretanto já tocava o Clarim para formatura da guarda que entrava de prevenção e já no rádio se ouviam as marchas militares que o PIFAS transmitia directamente da Emissora Nacional.
Grande Dia de Festa! Grande Emoção pelo fim da Guerra!
Viva o 25 de Abril!
Aderi de imediato ao Movimento de Sargentos que entretanto foi criado no BEng 447 e de apoio ao Movimento dos Capitães integrando o Movimento das Forças Armadas…
Passados todos estes anos, afirmo, com regozijo, que sempre fui um defensor da Revolução dos Cravos e das Conquistas Sociais e Políticas que Abril nos proporcionou, sendo activista nas Organizações dos Trabalhadores das empresas por onde prestei serviço; fui autarca no Poder Local Democrático; fui e sou Dirigente Associativo Voluntário ajudando, sempre, a construir um Mundo Melhor…
Viva o 25 de Abril! Viva a Revolução dos Cravos! Viva a Liberdade!
José M. L. Fernandes