4- Resistência ao Fascismo no Barreiro

1934Largo Gago Coutinho e Sacadura Cabral – Em 18 de Janeiro de 1934 regista-se uma tentativa de greve geral nacional contra a fascização dos sindicatos, sendo preparado no Barreiro por um Comité de Acção Revolucionária composto por militantes anarquistas e comunistas. A tentativa falhou, houve várias prisões e rebentou uma bomba junto aos “Penicheiros”.

Presos Políticos do barreiro a caminho da Prisão em Lisboa

1935Rua da Bandeira – Jornada de agitação e luta no Barreiro em 28 Fevereiro de 1935. Bandeiras vermelhas são colocadas em vários pontos da vila, uma das quais na chaminé das Oficinas. Dezenas de presos pela PVDE/PIDE. Acácio Costa, ferroviário, é desterrado para o Tarrafal durante 12 anos.  Pós 25 de Abril surge o topónimo Rua da Bandeira.

1935-Praça de Santa Cruz – Na sequência das prisões  efectuadas após a acção das bandeiras vermelhas, os presos são interrogados e violentamente espancados pela PVDE na prisão da vila, o que provocou uma revolta popular em 11 de Abril de 1935. Neste  motim popular as mulheres dos presos tiveram um papel muito relevante contra a polícia e a GNR.

1936Oficinas Ferroviárias – No dia 23 de maio, a polícia política realizou uma operação nas Oficinas dos CFSS e deteve o serralheiro José Francisco, que foi levado sob escolta da GNR e da infantaria. A ação das forças repressivas provocou uma reação dos operários, que manifestaram a sua solidariedade para com o detido, alguns deles paralisando o trabalho.

1943-Largo Alexandre Herculano – A greve de julho de 1943 foi um marco na história do movimento operário do Barreiro, pois envolveu milhares de trabalhadores e teve consequências políticas e sociais significativas. A greve foi organizada pelo PCP, que aproveitou o descontentamento dos operários da CUF, afetados pela escassez de matérias-primas, pela redução do horário e dos salários e pelas más condições de trabalho. A greve começou no dia 26 em algumas fábricas de Lisboa e Almada, e alastrou-se à CUF do Barreiro no dia seguinte, com a adesão dos operários à forma de luta dos “braços caídos”. No dia 28, a polícia cercou as fábricas e impediu a entrada dos trabalhadores, que reagiram com resistência e protesto. Os operários formaram então duas marchas da fome, que percorreram o Barreiro, tentando mobilizar os trabalhadores de outras unidades fabris para a greve.

Diário de Lisboa 29/7/1943

1957-Pensão Barreiro – O MUD Juvenil, fundado em 1946, era um movimento que buscava envolver os jovens em temas de seu interesse, especialmente no Barreiro, onde teve grande repercussão na década de 50. O movimento organizava reuniões, encontros, piqueniques e também atuava nas associações locais. Em 11 de novembro de 1956, um grupo de barreirenses que participava de um passeio-convívio em Alpiarça foi preso pela GNR e depois entregue à PIDE. Em 8 de março de 1957, a GNR invadiu o primeiro andar da Pensão Barreiro, onde ativistas do MUD Juvenil celebravam o Dia Internacional da Mulher. Várias prisões foram realizadas nessa ocasião.

Participação de Jovens Barreirenses no Encontro em Alpiarça.

1960-R. Combatentes da Grande Guerra – A casa de Manuel Cabanas foi local de reuniões contra o regime, uma das quais a comemoração do 5 de Outubro de 1960, tendo o próprio sido preso nessa data. A sua casa foi também sede da candidatura do General Humberto Delgado em 1958.

1962-Parque Catarina Eufémia – No dia 1 de Maio de 1962, ocorreu uma grande manifestação no Parque, em protesto contra o regime fascista e ditatorial, a favor dos direitos dos trabalhadores. A manifestação foi organizada pela oposição democrática, que distribuíram panfletos e cartazes convocando a população para se reunir no Parque às 17h30. A GNR, fiel ao regime, tentou impedir a manifestação, cercando o Parque com cavalos e agentes armados. Os manifestantes foram violentamente agredidos com cassetetes e tiros, mas não se intimidaram e resistiram bravamente. Alguns conseguiram escapar do cerco e seguiram em marcha até à Baixa da Banheira, onde continuaram a protestar. Durante o confronto, três mulheres foram detidas pela GNR e levadas para interrogatório.

Foto Arquivo Avaro Monteiro

1967- Luso Futebol Clube – Em 11 de Novembro de 1967 o Cineclube organiza uma Sessão de Música e Poesia no Ginásio do Luso com vários artistas, entre os quais Zeca Afonso. A multidão que enche o Ginásio pede que Zeca cante “Os Vampiros”, canção proibida pelo regime. No final membros da Direcção do Cineclube foram presos pela PIDE. “Manifestação cultural contra o regime

José Afonso no Barreiro Casa-dos-Corticeiros-1969
José Afonso-no-Barreiro Casa-dos-Corticeiros-1969

1969-R. António José de Almeida – A casa de José Jordão foi Sede da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) em 1969. Em 5 de Outubro de 1969, uma manifestação percorre as ruas do Barreiro com a bandeira nacional e dirige-se para a sede da CDE, que viria na ganhar as eleições no Barreiro.

1969 – Em outubro de 1969, os ferroviários portugueses entraram em luto pela melhoria dos seus salários e condições de trabalho. Usando braçadeiras pretas como símbolo de protesto, no dia 20 de Outubro entre as 15h e as 16h, milhares de ferroviários paralisaram em todo o País, lutaram desta forma em defesa das suas reivindicações. O movimento, que começou no dia 2 de janeiro, enfrentou a repressão e a intimidação da PIDE, a polícia política do regime fascista. Em Lisboa, no Rossio, a adesão ao luto foi de cerca de 90% dos trabalhadores. No Barreiro, onde os 2 mil operários aderiram ao luto de forma unânime, uma brigada da PIDE tentou obrigar os ferroviários a tirar as braçadeiras, mas foi repelida pelos trabalhadores, que atiraram barras e porcas de ferro contra os agentes. No Entroncamento, o luto também foi quase total, assim como nas regiões ferroviárias ao sul do Tejo.

Jornal Avante Novembro 1969

1970-Largo 3 de Maio – Em Maio 1970, nas comemorações do 1º de Maio, uma manifestação conjunta Barreiro/Moita com milhares de pessoas desfila pelas ruas, a GNR reprime, registando-se confrontos. Na madrugada de 3 de Maio a PIDE prende 8 democratas do Distrito de Setúbal que são enviados para a PIDE no Porto, entre os quais Alfredo Matos e Álvaro Monteiro. Nesse dia é organizada uma manifestação de solidariedade com os presos, que culmina com um acto de repressão brutal sobre os populares, a GNR invade o “Café da Pilar” com os cavalos. Foram presas 20 pessoas.

1973-Teatro Cine-Barreirense – Eleições para deputados em 1973. A 24 de Outubro realizou-se um grande comício com milhares de pessoas no Teatro Cine. Os candidatos da Oposição Democrática denunciaram a política fascista do regime e a guerra colonial.

Intervenção de Alfredo Matos
Intervenção de Adílio Costa

Fontes:

ANTT, CMB, GES-PCP, MNRL

3-A Resistência ao fascismo no Barreiro

5-A Revolução

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